(*) Denize Passinho de Oliveira
Da esquerda para a direita, Evelin, Denize e Simone
Foto: Evandro Freitas Siqueira
RESUMO
O presente artigo tem o interesse de provocar uma releitura
na perspectiva de gênero na fase da história denominada revolução neolítica ou revolução
agrícola, quando
a humanidade “deixou’’ de ser caçadora, coletora e nômade e passou a ser
agricultora, artesã e sedentária, compreendendo
a origem da opressão de gênero (mulher), que provocou mudanças na
forma dos matrimônios dos grupos humanos (poligamia, poliandria a monogamia),
saindo de uma sociedade matriarcal (com igualdade) a uma sociedade patriarcal
(com desigualdade), deslocando as mulheres do espaço público ao espaço privado
em condições de subalternidade ao homem. Tendo como referencial teórico o
conceito de família, propriedade e Estado de Engels (1984), de Estado de Marx
(2001) e de concepção de movimentos feminista de Valadares (2007), contribuindo
no entendimento que a divisão sexual do trabalho nas comunidades primitivas,
evoluíram para divisão social do trabalho (gênero) nas sociedades modernas.
Palavras Chaves: Estado. Classe. Opressão de Gênero. Família. Revolução
Neolítica.
INTRODUÇÃO
Os homens e mulheres para produzirem sua subsistência
material (comer, vestir, transportar, estudar, trabalhar e etc...) estabelecem
entre si relações de produção, sendo elas comuns, de cooperação ou de
exploração, fruto da divisão natural do trabalho nas comunidades primitivas e
da divisão social dos trabalhos nas sociedades mais complexas.
A divisão natural do trabalho (comunidades primitivas) é
caracterizada pela definição biológica de tarefas entre homens e mulheres, onde
os homens mais robustos eram responsáveis pela caça de animais, e as mulheres
com menor porte físico pela coleta de animais mortos, frutas e raízes.
A caça na antiguidade era uma atividade muito “cara” do
ponto de visto do tempo utilizado para executa-la (semanas ou meses), e extremamente
arriscada, pois muitos morriam nessa tarefa. Então, a tarefa destinada as
mulheres eram que sustentavam o grupo (tribo, clã, etc.).
Nas comunidades primitivas, além da importância de sustento
as mulheres eram valorizadas pela ação de perpetuar o grupo, “apresentando” a
cada nove meses um novo membro. E mesmo, com toda sua relevância, as mulheres
não tinha “supremacia” sobre os homens. Homens e mulheres detinham o mesmo
poder político, ou seja, estavam em pé de igualdade no espaço público.
O que aconteceu com as mulheres após a revolução neolítica?
Quando a humanidade “deixou’’ de ser caçadora, coletora e nômade e passou a ser
agricultora, artesã e sedentária”? Que deslocou as mulheres do espaço público de
poder ao espaço privado de “quatro paredes” em condições de subalternidade ao
homem.
“A história de toda sociedade até nossos dias é a história
da luta de classes.” Marx (2001. p. 23), antes de necessariamente existirem as
classes sociais (um grupo de seres humanos dominarem outros humanos), no
processo de transição do período paleolítico ao neolítico, inicia-se a
dominação de gênero, ou seja, a dominação do homem sobre a mulher.
Conhecer os fatores e fenômenos históricos que alijaram as
mulheres do espaço público do poder nas sociedades mais complexas,
transformando-as da condição de sujeito da história, a meros objetos. São
importantes para reflexão dos movimentos feministas no sentido de compreender
que as lutas objetivas, como, a luta contra o machismo, violência, preconceito,
pelo o direito a saúde, por a condições de trabalho e oportunidades iguais,
salários equânimes e outras, tem, ou precisão conter o caráter subjetivo que
conste correlacionar à luta de classes.
A REVOLUÇÃO NEOLÍTICA
Ao longo de todo o período Paleolítico, o homem desenvolveu
uma série de habilidades físicas e técnicas que lhe permitiram aprimorar a sua
vida na terra. Contudo, o aspecto rústico destes instrumentos lhe permitia
realizar um campo bastante limitado de intervenções na natureza. Em geral, o
indivíduo desse período histórico assegurava sua sobrevivência coletando
alimentos oferecidos pela natureza ou realizando outras atividades, como a
pesca e a caça.
No momento em que alguma alteração climática ou esgotamento
de recursos inviabilizasse a sua existência, nossos ancestrais paleolíticos se
deslocavam no território em busca de um lugar que oferecesse melhores
condições. Dessa forma, podemos avaliar que a vida nômade foi uma das mais
importantes características que marcaram a vida humana até aquele momento.
Contudo, estando em constante mudança, esse homem transformou o seu modo de
vida com a chegada do período neolítico.
O fim da última era glacial transformou as condições
climáticas em seus mais variados aspectos. A diminuição das temperaturas
provocou a formação de um clima temperado em grande parte do continente
europeu. O norte da África se transformou em uma região extremamente árida e a
região do Saara sofreu um grande processo de desertificação de suas terras. Em
meio a essas mudanças, homens e animais foram obrigados a se espalharem por
regiões diversas em busca de água e vegetação.
Quando alcançamos a entrada do Neolítico, há cerca de dez
mil anos, os grupos humanos existentes já acumulavam um variado leque de
saberes apreendidos graças à sua habilidade de raciocínio. Ao longo do tempo,
já sabiam distinguir quais tipos de fonte de alimento eram próprias para o seu
consumo. Além disso, construíam pequenas embarcações e criavam utensílios mais
resistentes do que aqueles que foram inicialmente desenvolvidos. “O homem
encontra sua humanidade ao realizar tarefas essenciais à vida humana e
essencialmente humanas”. Ostrower (1978, p. 31).
Foi nesse contexto que uma profunda transformação passou a
se desenvolver no cotidiano do homem pré-histórico. A observância da própria
natureza permitiu que as primeiras técnicas de cultivo agrícola fossem
pioneiramente desenvolvidas. Com isso, a garantia de alimento se tornava cada
vez mais acessível e a constante necessidade de deslocamento se tornou cada vez
menor. Essa transformação, que se difundiu ao longo dos próximos seis mil anos,
deu origem à chamada “Revolução Neolítica”, conforme indicado por alguns
estudiosos, essa transformação, também conhecida como “Revolução Agrícola”,
primeiro ocorreu na região do chamado Crescente Fértil, ampla faixa de terras
que abrangia desde o Rio Nilo, indo até o lugar onde se encontram os rios Tigre
e Eufrates, local onde hoje identificamos a Síria e o Iraque. Com o passar dos
séculos, o aprimoramento dessas técnicas agrícolas e a sedentarização
permitiram uma dieta alimentar mais rica e um expressivo crescimento dos grupos
humanos.
Como já dito, a revolução neolítica, tem como principais
mudanças o sedentarismo e o cultivo de técnicas agrícolas, técnicas essas que
foram desenvolvidas primeiramente pelas mulheres, a importância da mulher para
o desenvolvimento de tal atividade foi tamanha, assim como a coleta de frutos e
raízes comestíveis, e há quem diga que foram elas que deram início a
domesticação dos animais.
“A
caça era atividade masculina, tendo sido por muito tempo o principal meio de
subsistência da comunidade. Porém, mesmo depois que a caça teve diminuída a sua
importância econômica, em algumas comunidades esse fato não correspondeu ao seu
declínio em prestígio social e político. Na realidade, a contribuição da caça,
atividade praticada pelos homens, era ocasional, enquanto que a coleta de
frutos e raízes, atividade feminina, era muito mais regular. Já havia,
portanto, na comunidade primitiva uma divisão natural do trabalho. As mulheres,
tanto quanto os homens, asseguravam o sustento do grupo, embora cuidassem
também das tarefas domésticas”. Aquino (1980, p. 68).
Nas comunidades primitivas as mulheres não eram
trancafiadas dentro de casa, tinham seu “valor reconhecido”, trabalhavam assim
como os homens, e eram tão importantes quanto eles para a sobrevivência da
comunidade. Os trabalhos eram divididos e os conhecimentos eram trocados e
reunidos, tendo uma ocupação pública e tendo regras que resultavam no conhecimento
do dia a dia, como pode-se ver na obra de Gordon Childe:
“Na
comunidade primitiva, as mulheres não viviam "fechadas dentro de
casa", na verdade não havia casas individuais para uma só família, os
abrigos eram habitações coletivas. Os artesanatos neolíticos foram apresentados
como indústrias domésticas. Não obstante, não constituíam tradições
individuais, mas coletivas. A experiência e o conhecimento de todos os membros
da comunidade eram constantemente reunidos. Todas as mulheres da aldeia
trabalhavam juntas, “conversando e comparando” seu trabalho, chegavam a
ajudar-se mutuamente. A ocupação era pública, mas as regras resultavam das
experiências comunais”. Gordon Childe (1971, p. 103).
Não se deve, porém, idealizar a época
"primitiva". Tais práticas não eram, propriamente, uma opção
individual, mas o resultado das condições da forma de organização econômica da
sociedade, a fim de assegurar o crescimento da espécie, principalmente com o
início do pastoreio e da agricultura, que permitiram empregar o trabalho das
crianças, ao contrário da caça, atividade dos adultos. Ao mesmo tempo, o
pastoreio e a agricultura, possibilitando fazer reservas, tornaram possível o
aumento da população.
A importância da mulher dava-se muito à sua condição de
criadora, fixadora e transmissora de hábitos culturais, das experiências
coletivas acumuladas pelo grupo. De certo modo, pode-se dizer que a “Revolução
Neolítica (passagem à agricultura), foi obra das mulheres, assim como a
domesticação dos animais (origem da pecuária), a fabricação da cerâmica, a
fiação e a tecelagem, a medicina caseira, entre outros”. Aquino (1980. p. 70). Além
disso, transmitiram esses conhecimentos às novas gerações, fixando e difundindo
hábitos culturais.
Inicialmente, na comunidade primitiva, a mulher ocupava uma
posição de igualdade e mesmo de superioridade em relação ao homem. Devido aos
casamentos múltiplos, a linha de parentesco era dada pela mãe, isto é, a
descendência se contava em linha feminina, é o direito materno (matriarcado).
Quando, mais tarde, correspondendo ao aparecimento da propriedade privada dos
rebanhos e, depois, da terra, o direito materno foi derrubado, a linha de
descendência passou a se fazer pelo pai, a fim de se garantir o direito dos
filhos à herança (patriarcado). Começou-se, então, a exigir da mulher a
virgindade, antes do casamento, e a fidelidade conjugal, depois dele.
“Para
assegurar a fidelidade da mulher, e, por conseguinte, a paternidade dos filhos,
aquela é entregue, sem reservas, ao poder do homem: quando este a mata, não faz
mais do que exercer o seu direito”. Engels (1975, p. 62).
A monogamia foi à condição imposta, principalmente à
mulher, para garantir ao homem a certeza da paternidade e legitimar os filhos
com direito à herança (partilha dos bens após a morte do pai). O rompimento dos
laços conjugais o divórcio, que outrora podia ser feito por qualquer um dos
cônjuges (homem ou mulher), em algumas sociedades passou a ser privilégio do
homem. Idealizou-se o papel biológico feminino: a maternidade foi
"santificada".
Desse modo, as modificações ocorriam no nível
jurídico-ideológico da sociedade, porquanto o papel econômico da mulher
continuava tão importante quanto o do homem, por exemplo, na agricultura, base
da maior parte das sociedades antigas. A opressão da mulher não foi produto da
mente "má" dos homens individualmente, mas uma exigência objetiva da
propriedade privada, dos meios de produção, quando a mulher também se tornou um
objeto do homem, tal qual a terra, o gado, os escravos etc.
A FAMÍLIA
A família é considerada a célula de uma sociedade, constitui
em uma instituição responsável por promover a educação e influenciar o
comportamento dos mesmos no meio social. No seio familiar que são transmitidos
os valores morais e sociais que servirão de base para o processo civilizacional
através de gerações. Podendo ser nucleares, composta por pais e filhos, ou
extensas, composta por avós, tios, primos, sobrinhos, agregados, etc,
consanguíneas ou não.
Podemos caracteriza alguns tipos de
famílias além da tradicional: a família
monoparental, composta por apenas um dos progenitores: pai ou
mãe; família comunitária, nesta
estrutura, todos os membros adultos que constituem o agregado familiar; família homoafetiva (arco-íris), é
constituída por um casal homossexual (ou pessoa sozinha homossexual) que tenha
filhos ou não; família contemporânea é
caracterizada pela inversão dos papéis do homem e da mulher na estrutura
familiar passando a ser a mulher a chefe de família. Abrange a família
monoparental, constituída por mãe solteira ou divorciada, entre outros tipos e
formas, o importante é abstrair, que não existe somente um tipo, não existe uma
evolução cronológica e que são historicamente são concomitantes.
É
comum, quando questionado a qualquer pessoa, o que é família? Ela responder tateando
nessa definição mais restrita: conjunto
de pessoas que vivem juntas tendo um grau de parentesco, formado por pai, mãe e
filhos, pois a noção que temos é que sempre foi e será assim, uma família
nucleada a partir de uma união de um homem e uma mulher em matrimonio, que
Engels (1984) tendo como referência teórica Marx e Morgan, em sua obra “A
origem da família, da propriedade privado e do Estado” apresenta uma outra
releitura no conceito.
No prefácio que escreveu para a quarta edição (londres, 16 de junho de
1891), dizia: “Até 1860, não se poderia sequer pensar em uma história da
família. As ciências históricas ainda se achavam, nesse domínio, sob a
influência dos Cinco Livros de Moisés. A forma patriarcal da família pintada
nesses cinco livros com maior riqueza de minúcias do que em qualquer outro
lugar, não somente era admitida, sem reservas, como a mais antiga, como também
se identificava descontando a poligamia com a família burguesa de hoje, de modo
que era como se a família não tivesse tido evolução alguma através da História.
No máximo admitia-se que nos tempos primitivos pudesse ter havido um período de
promiscuidade sexual. É certo que, além da monogamia, conheciam-se a poligamia
no Oriente e a poliandria na Índia e no Tibete; mas estas três formas não
podiam ser dispostas historicamente, em ordem sucessiva: figuravam juntas, uma
ao lado das outras, sem nenhuma conexão. Também é verdade que em alguns povos
do mundo antigo e alguma: tribos selvagens ainda existente; a descendência é
contada por linha materna, e não paterna, tendo aquela a única válida, e que,
em muito povos contemporâneos, é proibido o casamento dentro de determinados
grupos, maiores ou menores - naquela época ainda não estudado de perto, -
ocorrendo este fenômeno em todas as partes do mundo; estes fatos, certamente,
eram conhecidos, e a cada dia a eles acrescentavam novos exemplos”. E mais
adiante, depois de anunciar que os trabalhos do dentista norte-americano Lewis
Henry Morgan constituíam a base deste livro, diz Engels: "O descobrimento
da primitiva gens de direito paterno dos povos civilizados, tem, para a
história primitiva, mesma importância que a teoria da evolução de Danwin para a
biologia e a teoria da mais-valia, enunciada por Marx. para a economia
política. Esta descoberta permitiu a Morgan esboçar, pela primeira vez, uma
história da família, onde pelo menos as fases clássicas da sua evolução, em
linhas gerais, são provisoriamente estabelecidas, tanto quanto o permitem os
dados atuais. Engels (1984).
Neste aspecto, o tipo de união
“matrimonial” poligâmica – um único homem com várias mulheres, a poliandria –
uma única mulher com vários homens e a monogâmica – uma mulher e um homem,
exercer grande influência na definição do grau de parentesco e na formação
social, política e econômica de um agrupamento primitivo à sociedade moderna.
O tipo de “matrimonio” majoritário
na sociedade também irá definir a linhagem se paterno (sociedade patriarcal) ou
se materno (sociedade matriarcal), tanto na poligamia e na poliandria ou em casamentos
grupais a certeza da maternidade era sólida, já a paternidade não, em outra palavras,
mãe certa e pai incerto, diz o ditado popular: “filhos de minha filha, meus
netos são, filhos de meu filho, poderão ou não”. Com isso, a linha de
descendência era contada a partir da mulher que era a matriarca da família.
sistemas
de parentesco e formas de família, a que nos referimos, difere dos de hoje no
seguinte: cada filho tinha vários pais e mães. No sistema americano de
parentesco, ao qual corresponde a família havaiana, um irmão e uma irmã não
podem ser pai e mãe de um mesmo filho; o sistema de parentesco havaiano, pelo
contrário, pressupõe uma família em que essa é a regra. Encontramo-nos frente a
uma série de formas de família que estão em contradição direta com as até agora
admitidas como únicas válidas. A concepção tradicional conhece apenas a
monogamia, ao lado da poligamia de um homem e talvez da poliandria de uma
mulher, silenciando como convém ao filisteu moralizante sobre o fato de que na
prática aquelas barreiras impostas pela sociedade oficial são tácita e
inescrupulosamente transgredidas. O estudo da história primitiva revela-nos, ao
invés disso, um estado de coisas em que os homens praticam a poligamia e suas
mulheres a poliandria, e em que, por consequência, os filhos de uns e outros tinham
que ser considerados comuns. E esse estado de coisas, por seu lado, que,
passando por uma série de transformações, resulta na monogamia. Essas
modificações são de tal ordem que o círculo compreendido na união conjugal
comum, e que era muito amplo em sua origem, se estreita pouco a pouco até que,
por fim, abrange exclusivamente o casal isolado, que predomina hoje. Engels
(1984, p. 31).
A forma de família monogâmica vem subverter a linhagem pela
maternidade, agora, não só a mãe é certa, o pai passa a ser certo, a união de
um homem e uma mulher garante a certeza da paternidade. Este fato provoca um
deslocamento da importância da mulher na sociedade, pois, tendo pai certo,
surge o “direito paterno” pela linhagem dos pais aos herdeiros, que antes era
somente da mãe.
A poligamia e a poliandria “permitia” consequentemente
relação sexual entre pais, irmãos e primos, a mudança, a monogamia restringe
relação sexual a não parentes propiciando assim o surgimento de um outro
estágio de família: a gens “nascida
diretamente dele e que ultrapassou de muito seus fins iniciais. A gens formou a
base da ordem social da maioria, senão da totalidade, dos povos bábaros do
mundo”. Engels (1984, p. 40).
A gens de certa maneira, passa a ser a primeira divisão em
classe social dentro de um mesmo grupo ou tribo, pois com a paternidade e
linhagem masculina e feminina certa, do ponto de vista consanguíneo. Engels
evidencia citando o exemplo do missionário inglês Lorimer Fison:
Entre
os negros australianos do monte Cambiar, no sul da Austrália, foi [...]. A
tribo inteira divide-se, ali, em duas grandes classes: os holds e os kumites.
São terminantemente proibidas as relações sexuais no seio de cada uma dessas
classes; em compensação, todo homem de uma dessas classes é marido nato de toda
mulher da outra, e reciprocamente. Não são os indivíduos, mas os grupos
inteiros, que estão casados uns com os outros, classe com classe. E note-se que
ali não há, em parte alguma, restrições por diferenças de idade ou de
consangiiinidade especial, salvo a determinada pela divisão em duas classes
exógamas. Um kroki tem, de direito, por esposa, toda mulher komite; e, como sua
própria filha, como filha de uma komite, é também komite, em virtude do direito
materno, é, por causa disso, esposa nata de todo kroki, inclusive de seu pai.
Em qualquer caso, a organização por classes, tal como se nos apresenta, não
opõe a isto nenhum obstáculo. Assim, pois, ou essa organização apareceu em uma
época em que, apesar da tendência instintiva de se limitar o incesto, não se
via ainda qualquer mal nas relações sexuais entre filhos e pais e, então, o
sistema de classes deve ter nascido diretamente das condições do intercurso
sexual sem restrições ou, ao contrário, quando se criaram as classes, estavam
já proibidas, pelo costume, as relações sexuais entre pais e filhos, e, então,
a situação atual assinala a existência anterior da família consanguínea e
constitui o primeiro passo dado para dela sair. Engels (1984,
p. 45).
O casamento entre gens, propícia a família
ou matrimônio sindiásmico, a união grupal, sendo permitido tacitamente aos
homes o adultério e as mulheres nestes casos, castigada severamente. Este
“novo” sistema de parentesco com a “proibição do incesto”, provocou relativa
escassez de mulheres dificultando a perpetuação dos grupos sociais/famílias,
gerando assim, conseguintemente, o comercio e o rapto de mulheres entre gens,
grupos e tribos diferentes, até evoluir a família/matrimonio monogâmico dos
dias atuais.
O estudo da origem da família, sua formação, composição, o
sistema de parentesco, o tipo de união matrimonial, a linhagem materna e
paterna e as relações sexuais, sem falar ainda, na relação de produção entre
homens e mulheres, são chaves, para compreendermos a sociedade atual, suas
contradições e perspectivas.
A PROPRIEDADE PRIVADA E O
ESTADO
O desenvolvimento das relações familiares imprimiu alteração
na forma de produzir (forças produtivas), concomitante a domesticação das
plantas e animais e o processo de sedentarização das comunidades primitivas,
gerou um excedente, que por sua vez provoca o estabelecimento uma nova forma de
relação no processo produtivo (relação de produção).
Aqui, a domesticação de
animais e a criação do gado haviam aberto mananciais de riqueza até então desconhecidos,
criando relações sociais inteiramente novas. Até a fase inferior da barbárie, a
riqueza duradoura limitava-se pouco mais ou menos à habitação, às vestes, aos
adornos primitivos e aos utensílios necessários para a obtenção e preparação
dos alimentos: o barco, as armas, os objetos caseiros mais simples. Engels
(1984).
O “excedente” precisa de cuidados especiais, e como o
“tempo ganho” por não mais está 24 horas dedicado à procura de alimentos (caça
e coleta), a divisão do trabalho passa a ser social, têm os que produzem,
protegem, administram e a medida que as sociedades vão ficando mais complexas,
vão surgindo outras funções sociais.
A gens neste processo, vão assumindo determinadas tarefas e
função social, que além da diferenciação familiar vai se diferenciando
socialmente. Em uma determinada comunidade/sociedade uma gens assume a
administração do excedente (estocagem, contabilidade, projeção de consumo e
metas de produção, etc), a lógica até então, é que a produção é social e
apropriação também, mas, a gens que administra, entende que seu papel é muito
importante e por isso, deve ter um quinhão a mais do excedente.
O instituto da propriedade vai surgindo a priori coletivamente
até se desenvolver na propriedade privada, paralelamente a este processo, as
mulheres vão perdendo importância no espaço público social, o rapto e comercio
de mulheres (compra e venda de mulheres entre tribos e gens, através dos dotes),
contribuiu sobremaneira, a “jogar” as mulheres a condição de “coisa” ficando restrita
ao espaço privado do lar.
Na
produção social da sua vida, os homens contraem determinadas relações
necessárias e independentes da sua vontade, relações de produção que
correspondem a uma determinada fase de desenvolvimento das suas forças
produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção forma a estrutura
econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta a superestrutura
jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência
social. O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida
social, política e espiritual em geral. Não é a consciência do homem que
determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a
sua consciência. Ao chegar a uma determinada fase de desenvolvimento, as forças
produtivas materiais da sociedade se chocam com as relações de produção existentes,
ou, o que não é senão a sua expressão jurídica, com as relações de propriedade
dentro das quais se desenvolveram até ali. De formas de desenvolvimento das
forças produtivas, estas relações se convertem em obstáculos a elas. [...] E do
mesmo modo que não podemos julgar um indivíduo pelo que ele pensa de si mesmo,
não podemos tampouco julgar estas épocas de revolução pela sua consciência,
mas, pelo contrário, é necessário explicar esta consciência pelas contradições
da vida material, pelo conflito existente entre as forças produtivas sociais e
as relações de produção. Karl Marx (1859).
Em que pese a narrativa aparentemente demonstrar que este
processo foi pacífico, consensual e tranquilo, pelo contrário, houve muita
resistência e conflitos sangrentos, e para dirimir esses conflitos, foi
“inventado” o Estado, que em sua forma embrionária nas comunidades primitivas, eram
mediados pelos mais velhos homens e mulheres.
Em nenhuma parte melhor
do que na antiga Atenas podemos observar como o Estado se desenvolveu, pelo
menos na primeira fase da sua evolução, com a transformação e substituição
parciais dos órgãos da constituição gentílica pela introdução de novos órgãos,
até completamente instauradas autoridades com poderes realmente governamentais
- quando uma "força pública" armada, a serviço dessas autoridades (e que,
por conseguinte, podia ser dirigida contra o povo), usurpou o lugar do
verdadeiro "povo em armas", que havia organizado sua autodefesa nas
gens, nas fratrias e nas tribos. Morgan descreve principalmente as modificações
formais; as condições econômicas que as produziram. Engels (1984, p. 120).
O Estado surge para proteger a propriedade
do excedente de uma classe sobre a outra, e com forma militar para garantir a
posse. Os administradores estabelecidos pós-revolução neolítica, para proteger
seu estoque de outras tribos, colocavam os membros de sua gens para proteger
(guerreiros), que posteriormente serviu de força armada dessa classe.
A formação do Estado (leis, normas e até comportamentos), vai
tornando mais complexa a divisão social do trabalho, que a estrutura familiar
das gens não conseguem responder os interesses dos novos grupos sociais que
surgem.
Em resumo: a
constituição gentílica ia chegando ao fim. A sociedade, crescendo a cada dia, ultrapassava
o marco da gens; não podia conter ou suprimir nem mesmo os piores males que iam
surgindo à sua vista. Enquanto isso, o Estado se desenvolvia sem ser notado. Os
novos grupos, formados pela divisão do trabalho (primeiro entre a cidade e o
campo, depois entre os diferentes ramos de trabalho nas cidades), haviam criado
novos órgãos para a defesa dos seus interesses, e foram instituídos ofícios
públicos de todas as espécies. O jovem Estado precisou, então, de uma força
própria, que, para um povo de navegadores como os atenienses, teve que ser, em
primeiro lugar, uma força naval, usada em pequenas guerras e na proteção dos barcos
de comércio. Num tempo incerto, antes de Solon, foram instituídas as
naucrárias, pequenas circunscrições territoriais, doze em cada tribo. Cada
naucrária devia prover, armar e tripular um barco de guerra e, ainda, dispor de
dois cavaleiros. Essa instituição minava a gens em dois pontos: primeiro porque
criava uma força pública que não era de modo algum idêntica ao povo em armas;
segundo, pela primeira vez, dividia o povo nos negócios públicos, não conforme
grupos consangüíneos e sim de acordo com a residência comum. Vamos ver a
significação disso. Engels (1984, p. 126).
A consolidação do Estado para proteger a
propriedade privada, tendo a mulher como um componente, forma um arcabouço
político, jurídico e ideológico de uma classe dominante (minoria – que não
produz) sobre uma classe dominada (maioria – que produz).
GÊNERO E CLASSE SOCIAL
Quando se fala em
gênero feminino e gênero masculino, não se fala mais em algo inerente aos seres
humanos, não se está tratando do ser genérico, mas do ser histórico, aquele que
é constituído historicamente. São construções culturais derivadas das
diferenças sexuais existentes entre homens e mulheres. As ideias do que seja
feminino e masculino com as quais convivemos no dia a dia foram se construindo
e se transformando ao longo da história. Os gêneros guardam pouca relação com o
sexo porque se definem na etapa edipiana (a superação do Complexo de Édipo),
quando se passa da biologia para a cultura. O Complexo de Édipo, conforme
formulado por Freud, requer determinados pressupostos que só se encontram nas
famílias nucleares, características das sociedades capitalistas modernas. As
famílias nucleares são típicas do patriarcado e se foram constituindo por
razões econômicas, mais que culturais. Como diz Clara Araújo em sua obra “
Crítica ao marxismo:”
“O conceito de gênero surge da tentativa de compreender
como a subordinação é reproduzida e a dominação masculina é sustentada em suas
múltiplas manifestações, buscando incorporar as dimensões subjetivas e
simbólica de poder, para além das fronteiras materiais e das conformações
biológicas”.
O que é feminino e o que é masculino também são
comportamentos simbólicos típicos das sociedades patriarcais e assentadas no
modo de produção capitalista. O modo de produção dominante determina, em última
instância, a superestrutura cultural. Não é uma relação mecânica, mas
dialética, um embate constante entre a psique humana e sua relação social e
econômica, que vai conformando os comportamentos humanos. Como afirmado por José
Alcides Figueiredo, em sua obra “Classe social e desigualdade de gênero no
Brasil”.
“Jamais as sociedades, em qualquer época
histórica, se estruturaram sobre construções culturais. Estas são derivadas de
um determinado modo de produção, a maneira com a qual os homens se relacionam
para produzir seus meios materiais de vida. E, como já lembrou Marx, as
ideologias servem para justificar determinadas relações de produção, e as
ideologias dominantes são as da classe dominante, porque ela e somente ela
detém os mecanismos para tornar dominante sua ideologia, sua cultura”.
Assim, podemos concluir que os gêneros, se guardam pouca
relação com o sexo, guardam muita relação com as classes sociais, com a
localização da família no modo de produção dominante. A sociedade capitalista
está estruturada sobre a divisão dos homens e mulheres segundo a função que
cumprem na produção geral de bens. Está dividida entre aqueles que produzem e
aqueles que se apropriam do trabalho alheio. É dessa estrutura central que, em
última instância, decorrem as ideologias e construções culturais, como os
gêneros. Todos os âmbitos sociais têm um caráter de um ou de outro gênero. Mas
não é isso o que estrutura a sociedade, ela não se assenta sobre essa divisão,
e não vai se derrubar se essa divisão acabar, se trabalhar com máquinas passar
a ser considerado feminino e cuidar de crianças, masculino.
Então percebe-se que a “opressão de gêneros”, especialmente
o feminino, é muito antigo, e não pode-se utilizar apenas categorias
econômicas. A opressão é um conjunto de atitudes que envolvem também categorias
psicológicas, emocionais, culturais e ideológicas. “A correspondência entre
estas e a estrutura econômica da sociedade é muito complexa e varia de acordo
com as épocas históricas”. Desde que Marx escreveu O Capital, descrevendo as
leis gerais que regem o modo de produção capitalista, muitas outras ciências se
desenvolveram, entre elas a psicanálise, sem falar na antropologia e na
sociologia, que ajudaram a lançar luz sobre o problema da superestrutura
ideológica da sociedade e sua relação com a estrutura de produção. No entanto,
todas elas, em sua busca por uma resposta aos problemas que afligem os homens
em momentos históricos determinados, sempre tiveram de voltar os olhos para o
que ocorria nas condições materiais de vida. “Não é uma relação mecânica, não
há uma correspondência direta e universal entre uma e outra”.
Portanto as leis econômicas determinam as leis ideológicas
em última instância. No entanto, nós não partimos das inúmeras formas de
opressão (da mulher, do negro, dos idosos, dos homossexuais, dos imigrantes,
etc...) para explicar as leis gerais da sociedade, mas o contrário. Seria fazer
o mesmo que tentaram os filósofos reacionários da época de Marx e Engels,
demonstrar teoricamente que era impossível conhecer a realidade objetiva,
reduzindo a missão da ciência a “analisar as sensações”.
MOVIMENTO FEMINISTA
Movimento feminista surge da necessidade objetiva das
mulheres de adquirirem direitos que outrora tinham, que “esquecidos” pela
história patriarcal, o simples direito de ser considerada “sujeito” e
consequentemente outros derivados desta condição.
Esta afirmação nos dias de hoje aparenta um exagero, mas,
atualmente as mulheres ainda não são donas plenas do seu corpo, o direito de
decidir sobre a interrupção voluntaria da gravidez é do Estado.
Objetivamente o movimento feminista foi organizado como
movimento reivindicatório e à medida que foi avançado nas lutas, foi adquirindo
mais consciência e subjetividade nas perspectivas, passando por uma fase de
ação afirmativa (visibilidade), outra por, de direitos específicos, outra por
condições de igualdade social e econômica, outro por participação política.
O movimento feminista a partir das ideias marxistas, passa
a compreender que sua luta emancipatória está associada à luta pelo fim das
classes sociais, como Loreta Valadares faz referência:
Marx
e Engels são esses desbravadores e não é ao azar que sua visão ainda hoje se
coloca como centro polarizador do debate feminista. Nada mais revolucionário do
que a formulação posta por Engels em 1884, quando, ao citar da Ideologia Alemã
(texto escrito com Marx em 1846) a ideia segundo a qual "a primeira
divisão do trabalho é a que se faz entre o homem e a mulher para a procriação
dos filhos", diz em A Origem da Família, da Propriedade Privada e do
Estado: ... “hoje posso acrescentar: o
primeiro antagonismo de Classes que apareceu na história coincide com o
antagonismo entre o homem e a mulher na monogamia, e a primeira opressão de
classes com a do sexo feminino pelo masculino (1973: 768) (o grifo é meu) E
é exatamente a descoberta desta coincidência histórica que joga por terra o
essencial das críticas de pensadoras feministas ao “reducionismo
econômico" do marxismo que negaria a opressão de gênero por embuti-Ia no
conflito de classes: ao contrário, aqui o que se tem a destacar é que Marx e
Engels “atribuem o mesmo peso teórico ao conceito de classe social ao conceito
de opressão do sexo feminino pelo masculino ou, como se diria hoje, relações de
gênero” (Rangel e Sorrentino, 1994' 47). Valadares (2007, p. 55-56)
Outro importante
aspecto no movimento feminista atual é a distinção entre sexo e gênero, o
primeiro é condicionado biologicamente (sexo masculino e feminino), já o
segundo é condicionado socialmente (atribuição provedora e cuidadora).
Corroborando com esse pensamento Simone de Beauvoir ilustra dizendo que:
Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum
destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume
no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto
intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino. Beauvoir
(1976, p. 9).
As mulheres se assenhorando da história da
humanidade passando a compreender a condição de submissão e desigualdade diante
dos homens, tem sua gênese nas relações sociais historicamente construídas a
partir do surgimento da propriedade privada, toda sua complicação e do Estado.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Podemos dizer, que revolução neolítica que foi a revolução
das revoluções, pois nenhuma outra, provocou tamanha transformação social,
política, econômica, comportamental e significativa para a humanidade. Não é
exagero falar que as chamadas revoluções dos modos de produção (escravismo,
feudalismo e capitalismo) foram simples movimentos de pequenas rupturas na
forma social que a sociedade se organiza.
Uma das “invenções/criação” do período neolítico foi a
organização social tendo como célula a família que foi se alterando e evoluindo
de um estágio inferior a um superior, com isso, não quero dizer que este
estágio superior seria melhor. Onde as relações matrimoniais foram da
poligamia, a poliandria a monogamia, que por sua vez mudou a base da linhagem
da descendência que era da mãe (mulher) o matriarcado e passa ao pai (homem)
patriarcado que dita a sociedade atual.
As comunidades/sociedades matriarcais do ponto de vista
social, econômico e político exerciam a igualdade de gênero, pois não havia
distinção entre homens e mulheres na vida pública e privada, mesmo quando, a
divisão a divisão natural do trabalho (divisão de tarefas por questões
biológicas), deu lugar a divisão social do trabalho, a exemplo de duas grandes
civilizações da antiguidade cretense e etruscos.
No período paleolítico a divisão do trabalho era sexual, ou
seja, dividido entre homens e mulheres em tarefas especificas conforme sua
condição biológica e que no período neolítico, a divisão do trabalho passa a
ser social, a condição de gênero, sendo atribuído a homens atividades no espaço
público de poder (política, economia, etc) a as mulheres atividades no espaço
privado do lá (reprodução, educação, etc).
O deslocamento das mulheres do espaço público propiciou o
surgimento da divisão de classes sociais, as gens, de forma embrionária
constitui objetivamente e subjetivamente a desigualdade social, política e
econômica entre os membros de uma comunidade/sociedade e entre homens e
mulheres.
A união monogâmica provoca uma relativa escassez de
mulheres, propiciando o rapto e o comercio das mesmas, fazendo com que a mulher
perca a condição de “sujeito” e passa a condição de “objeto” e tudo o que isso
acarreta, a condição de subalternidade ao homem.
O movimento feminista surgi deste antagonismo entre homens
e mulheres, em uma fase inicial na luta objetiva por direitos, afirmativa de
sua visibilidade social e atualmente, com pautas subjetivas, “retorno ao espaço
público de poder”. Esta segunda fase, grosso modo, entre tantas correntes,
destaco duas mais significativas: as sexistas (defendem uma supremacia
feminina) e as emancipacionistas (defendem a igualdade social, política,
econômica e de gênero).
O movimento feminista emancipacionista articula sua
objetividade e subjetividade historicamente quando reivindica e pauta questões
como direito de votar na luta sufragistas, pela saúde, pelo direito ao trabalho
igual com salário igual, pelo fim da violência, pelo direito reprodutivo, enfim,
pelo direito de sonhar por um mundo sem opressão de gênero e de classe.
Tudo muda, nada é imutável, a humanidade não caminhou estes
7 mil anos (da revolução neolítica até os dias atuais), para terminar no modo
de produção capitalista que tem em sua lógica o lucro máximo a qualquer custo,
fortalecendo o indivíduo em detrimento do coletivo, privilegiando a poucos um
grande quinhão do que é produzido e “propiciando” a muitos quase nada.
(*) Graduando em Pedagogia-UNIFAP, Concluinte do Curso de Extensão: Políticas Publicas para Mulheres-UNIMULHER - UNIFAP, Coordenadora Estadual da União Brasileira de Mulheres, Ativista Social e ex-membro do Conselho Estadual do Direito da Mulher.
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