Evandro
Freitas Siqueira
O texto que segue,
faço uma analise inicial do atual momento vivenciado no Estado do Amapá,
tentando entender suas origens e consequências para ajudar na elaboração
política do PCdoB-AP.
Montesquieu defendia
a divisão do poder em três: 1 - Poder Executivo (órgão responsável pela administração do
território e concentrado nas mãos do monarca ou regente); 2 - Poder
Legislativo (órgão responsável pela elaboração das leis e representado
pelas câmaras de parlamentares); e 3 - Poder Judiciário(órgão
responsável pela fiscalização do cumprimento das leis e exercido por juízes e
magistrados). E a necessidade da existência de uma harmonia entre esses
poderes. E dizia: “As leis escritas ou não, que governam
os povos, não são fruto do capricho ou do arbítrio de quem legisla. Ao contrário,
decorrem da realidade social e da História concreta própria ao povo. Não existem leis justas ou injustas. O que existe são leis mais ou menos adequadas a um
determinado povo e a uma determinada circunstância de época ou lugar.”
Na vida social surgir resultantes com causas físicas (o clima), causas morais (costumes, religião…) e políticas (caminhos) que para
Marx a “estrutura
econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta a superestrutura
jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência
social”, ou seja, em um determinado
momento esse arcabolso politico-jurídico-religioso deixa de representar os
interesses de seu nascedouro (revolucionários/provisório) e começam a querem se
“perpetuar” utilizando-se do aparelho Estatal como força repressora.
A crise institucional vivenciada no Amapá no final do século
passado foi motivado por um debate simples LDO (Lei de Diretrizes
Orçamentária), em tese, que poder seria o responsável para impulsionar o
desenvolvimento social, econômico e porque não dizer político?
Agora no início dos anos 20 do século 21 temos uma nova crise
institucional permeando o mesmo debate na aparência, sua essência continua
sendo obscurantizada, sendo supervalorizado os efeitos (“brigas: Legislativo
com Judiciário, que possua vez briga com Ministério Publico, que briga com
Executivo que briga com os outros e vive-e-versa”), enquanto, as causas desta
crise são camufladas em debates do que é moral ou legal-ilegal.
A causa de fundo da crise institucional vivida no Amapá se dá
principalmente por 3 motivos: 1 – O Estado-Governo é a principal fonte de
riqueza (ou seja, vive de impostos, lembra do Feudalismo?) e nela de repousa
nossa incipiente “burguesia comercial”; 2 – Vivemos uma mudança lenta na base
econômica (mudando a base, muda-se a superestrutura) e 3 – Alteração um pouco
mais acelerada das forças sociais (a busca de um caminho próprio).
O Amapá desde sua fase de Território Federal até ao início da ultima
década do século passado era pensado de fora para dentro, ou seja, os planos de
“desenvolvimentos” eram elaborados na perspectiva centro/periferia, restando
aqui somente as migalhas de impostos e royalty, com isso, a formação de uma
elite comercial e não industrial.
É comum ouvir falarem que a realidade do Amapá é diferente a do
Brasil, que enquanto o Brasil está na lógica rentista neoliberal o Amapá está
na fase comercial sustentada pelo contra-cheque estatal. Mas, é uma realidade
sendo gradativamente alterada inicia-se um “movimento” de industrialização
incipiente mas que já provoca um certo abalo nas velhas estruturas.
Outro fenômeno importante é o crescimento populacional que
Tostes (em aula expositiva manifestou) “a imigração para os centros urbanos no
Amapá não é fruto do êxodo rural interno e sim, de fora do Estado”. Essa
particularidade, a meu vê, também se torna importante, essas pessoais que
vieram de outras realidades “piores ou melhores” do que as nossa, trazem na
bagagem inquietações e demandas que tencionam com atual situação.
As condições objetivas econômicas e sociais presente criam um
cenário de insatisfação subjetiva dual, de um lado temos uma elite (burguesia)
comercial, meio perdida, para qual rumo tomar, caracterizado pela renuncia de
possuir “representantes” no poder política e passar a ser o próprio agente da
ação política objetivando garantir o quinhão na nova realidade, de outro lado,
temos a organização social em diversos setores e segmentos principalmente a dos
trabalhadores que não são de servidores públicos (até então predominantes),
infelizmente, ainda pouco articulado, fragmentado em suas lutas e visão.
A crise institucional presente no Amapá em síntese: é fruto das
mudanças econômicas, sociais e políticas vivenciadas, são alterações provocadas
pelo crescimento das forças produtivas (as novas hidroelétricas, implantação de
indústrias e outros) e a estagnação das relações de produção provinciana
aparelhado ao Estado/Governo até então principal empregador.
O Estado/Governo do Amapá ainda continua sendo o principal
agente para impulsionar o desenvolvimento e retirar atraso a que fomos
subjugados, mas, estamos superando com muita luta, dor e sacrifício.
O PCdoB tem investigado a fundo a atual situação e seus
desdobramentos, suas origens e perspectivas.
Solicito a todos que lerem que contribuam criticando, refutando
e aprofundando minhas leituras iniciais.
2 comentários:
Eu consigo visualizar quase tudo que apresentas muito bem no teu texto, mas não consigo identificar o tu se refere a " inicia-se um “movimento” de industrialização incipiente mas que já provoca um certo abalo nas velhas estruturas". Que industrialização é essa? De onde e como se manifesta? Como vamos industrializar se não temos condições estruturais para isso, basicamente, falta energia!? TEndo em vista isso, uma possivel industrialização já esta fadada a estagnação se não resolver esse gargalo.
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